Bruna Aguiar
26 de junho de 2025
5 min de leitura
A Creator Economy já percorreu um longo caminho. No começo, ser criador de conteúdo era novidade, e as marcas ainda testavam campanhas com certo receio. Bastava acumular seguidores, gerar engajamento e o crescimento acontecia quase que naturalmente. Além disso, os algoritmos impulsionavam conteúdos sem grandes barreiras e monetizar era algo mais direto.
Mas esse cenário mudou. Hoje, a Creator Economy atingiu um nível de maturidade que a transformou em uma indústria estruturada e profissionalizada. Com isso, surgem novos desafios e uma pergunta essencial, agora que os criadores se tornaram a nova mídia de massa: O que vem depois?
Esse novo cenário pode ser comparado ao surgimento dos primeiros rádios comerciais nos anos 1920. Naquela época, as rádios eram uma novidade e um espaço aberto onde qualquer pessoa poderia ter sua voz ouvida por outras milhares, com um público fiel e crescente.
No entanto, à medida que o mercado se profissionalizou, as estações de rádio passaram a ser controladas por grandes conglomerados, e os anunciantes começaram a investir pesadamente em campanhas publicitárias. Essa mudança consolidou o papel das rádios como um meio de comunicação de massa. De forma semelhante, a Creator Economy passou por essa evolução, saindo de um espaço livre e quase experimental para uma indústria profissionalizada e estratégica.
Assim como as rádios, que começaram como um espaço aberto e acessível, os primeiros criadores de conteúdo estavam, no início, apenas compartilhando suas paixões e ideias de forma autêntica. No entanto, com o tempo, essa atividade foi se profissionalizando.
O amadurecimento do mercado trouxe crescimento e estrutura, mas também maior concorrência. Se antes poucos criadores dominavam o espaço digital, hoje há uma saturação de influenciadores em praticamente todos os nichos. Isso significa que captar e reter a atenção do público se tornou mais desafiador.
O público está mais seletivo, acostumado com conteúdos de alta qualidade e cada vez mais fiel a um único criador. As marcas, por sua vez, passaram a adotar estratégias mais criteriosas, exigindo não apenas números expressivos, mas engajamento real e alinhamento de valores.
Com isso, os criadores também tiveram que evoluir. Hoje, muitos operam como verdadeiras empresas, pois estratégias que antes eram suficientes – como viralizar espontaneamente ou depender de uma única rede social – já não funcionam tão bem. Agora, para se destacar, é essencial diversificar canais e construir comunidades próprias. Criadores que crescem de forma sustentável estão investindo em newsletters, plataformas próprias, podcasts e até mesmo produtos físicos ou digitais. A monetização, que antes dependia quase exclusivamente de publicidade, agora se espalha por múltiplas fontes, como assinaturas, vendas diretas e eventos.
Um dos maiores riscos dessa nova fase é a dependência excessiva das plataformas. Os algoritmos mudam sem aviso, políticas de monetização estão sempre sendo ajustadas e até fatores externos, como o cenário político, podem impactar o setor. O caso da possível proibição do TikTok nos EUA é um exemplo claro de como criadores podem perder suas bases de audiência da noite para o dia.
Nesse contexto, a regra de ouro é: Depender de um único canal é um risco. Criadores que investem em multiplataformas e constroem uma presença digital independente são os que têm mais chances de sobrevivência.
Um ótimo exemplo dessa estratégia é o de criadores que transformaram suas redes sociais em trampolins para negócios próprios. Muitos influenciadores passaram a investir em newsletters para manter contato direto com seus seguidores, lançar cursos e produtos digitais ou até mesmo criar suas próprias plataformas de conteúdo. Esse movimento reduz a dependência dos algoritmos e cria uma audiência mais fiel e duradoura.
Outro ponto que se tornou evidente nesse processo de amadurecimento é que a influência não se resume mais a números. Durante anos, métricas como seguidores e curtidas eram os principais indicadores de relevância. Hoje, as grandes marcas já entenderam que não basta investir em criadores com milhões de seguidores se eles não possuem uma conexão real com seu público.
As marcas perceberam que o verdadeiro valor da influência está na autenticidade ao criar, na capacidade de converter e na criação de comunidades engajadas. E isso muda completamente a dinâmica do mercado.
E é exatamente por isso que os micro influenciadores estão ganhando cada vez mais espaço. Com audiências menores, mas altamente engajadas, eles oferecem uma relação mais próxima e confiável com seus seguidores. Para marcas que buscam conversões reais, a escolha por criadores menores, mas altamente nichados, tem se mostrado mais eficaz do que campanhas massivas com grandes influenciadores.
Então, a Creator Economy atingiu seu auge?
O mercado está mais maduro, mas longe de estar saturado ou em declínio. O auge da Creator Economy não é um ponto final, é um ponto de virada. A fase da influência fácil, baseada apenas em viralização e números inflados, pode estar ficando para trás, mas isso não significa que as oportunidades acabaram. Pelo contrário.
Agora, apenas os mais estratégicos vão prosperar. Criadores que tratam sua influência como um negócio, diversificam suas fontes de receita e constroem comunidades continuarão crescendo.
O boom dos criadores foi só o começo. O que vem depois? Uma nova era, onde a influência deixará de ser medida apenas por números e será definida pela força das comunidades.